Franklin Augusto de Moura Campos
Alexandre Hummel
Franklin Augusto de Moura Campos nasceu na
cidade de Tietê (SP) em 1896.
Graduou-se pela Faculdade de Medicina e
Cirurgia de São Paulo em 1919, sendo, logo em seguida, convidado para ser
assistente da cadeira de fisiologia.
Tornou-se bolsista da Fundação Rockfeller
de 1926 a
1928 e trabalhou no laboratório de fisiologia da Universidade de Harvard, ao
lado de Walter B. Cannon, e na Universidade da Sorbone, juntamente com o casal
Lapique.
Ao retornar ao Brasil conquistou, por
concurso, em 1929, a
cátedra de fisiologia e química fisiológica na instituição de ensino onde havia
se graduado apenas dez anos antes. Aí empreendeu intensas atividades didáticas
e científicas.
Com a colaboração de seus assistentes
Otávio de Paula Santos e José Dutra de Oliveira reorganizou os cursos práticos
da disciplina, adotando ensino formativo.
Obteve doação de equipamentos da Fundação
Rockfeller e outros foram fabricados numa oficina por ele criada em seu
laboratório, o que permitiu que os próprios alunos realizassem os experimentos,
fato inovador à época. Sua generosidade fez com que tais equipamentos
desenvolvidos em suas instalações pudessem ser fabricados para várias escolas
médicas do país, permitindo que outros alunos se beneficiassem dos conhecimentos
práticos que eles podiam auferir.
Em seu laboratório foram realizados trabalhos
sobre metabolismo basal, cronaxia, ações fisiológicas e farmacológicas de
venenos de sapos, serpentes e vegetais, que originaram diversas teses de
doutorado sob sua orientação.
Em 1933, com o trabalho de seu assistente
José Dutra de Oliveira intitulado “Ensaios sobre Avitaminoses”, seu laboratório
iniciou uma intensa atividade sobre nutrição experimental que se prolongou por
30 anos, tornando seu serviço no maior centro de pesquisas em nutrição da
América Latina. Nesse campo de investigação foram estudados temas como
digestibilidade de alimentos, valor biológico, teor protéico e lipídico; taxas
de cálcio, potássio e ferro; influência da adubação; valor nutritivo de variedades
do mesmo alimento; vitamina E em óleos; vitamina A e provitamina A em óleos e
outros alimentos; teor de vitamina C em frutas e verduras; teor de vitamina B1 em
diversos alimentos; valor nutritivo de peixes do Nordeste; estudos sobre
carência protéica e carência de vitaminas A, D, B1 e E, dentre outros.
Complementando as pesquisas que eram realizadas, promoveu diversos cursos e
publicações.
A partir de 1950 seu laboratório começou a
se interessar sobre os aspectos fisiológicos das carências alimentares, tendo
como assuntos pesquisados a absorção e excreção de vitaminas e ação da colina
no metabolismo protéico, dentre outros.
Paralelamente, seus assistentes pesquisavam
outros assuntos como metabolismo basal em diversos grupos etários, endocrinologia
experimental, hipertensão nefrogênica, ações fisiológicas e farmacológicas dos
polipeptídeos e eletrofisiologia.
Franklin de Moura Campos era dotado de
excepcionais qualidades morais, granjeando muitos amigos e admiradores, tanto
dentro quanto fora do meio universitário. Foi para os seus colaboradores não
somente um orientador, mas um amigo confidente, que os apoiava mesmo em
problemas pessoais. Sabia adaptar-se às adversidades das personalidades de seus
assistentes. Desse temperamento tornou excelente o ambiente da disciplina de
fisiologia, onde a individualidade de cada um era respeitada.
Durante os 33 anos em que chefiou em
período integral a disciplina de fisiologia da Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo deixou sempre abertas as portas do seu laboratório
para todos aqueles que quisessem se iniciar nas atividades científicas. Nesse
período foram publicados pela disciplina 497 trabalhos e vários de seus
assistentes tornaram-se professores catedráticos, tais como Jayme Cavalcanti, Demosthenes
Orsini, Joaquim Ribeiro do Valle, Wilson Teixeira Beraldo e Luiz Uchoa Junqueira,
além de ter formado diversos outros docentes.
Franklin de Moura Campos teve a honra de
presidir a Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, hoje, Academia de
Medicina de São Paulo, num mandato anual entre 1941 e 1942. Em 10 de agosto de
1957 tornou-se, juntamente com outros expoentes das ciências básicas, membro
fundador da Sociedade Brasileira de Fisiologia.
Era membro honorário e sócio benemérito de
diversas sociedades científicas e culturais.
Dentre as numerosas láureas que recebeu,
algumas das quais da Academia Nacional de Medicina, Academia de Medicina de São
Paulo, Associação Paulista de Medicina dentre outras renomadas entidades,
destacam-se: prêmio Miguel Couto (1934 e 1936); prêmio Alvarenga (1940); prêmio
Nacional de Alimentação (1947 e 1952); prêmio Diógenes Sampaio (1951 e 1952); e
prêmio Nestlé (1953).
Casou-se com Vitalina Toledo de Moura Campos
de cujo matrimônio nasceram João Campos, casado com Maria Raphaela Campos;
Sergio Campos, casado com Maria Tereza Campos; Luiza Augusto de Oliveira,
casada com Jair de Oliveira; e Franklin Campos.
Franklin Augusto de Moura Campos era culto
e muito dedicado ao trabalho; com invulgares qualidades de chefe, formou uma
numerosa escola de pesquisadores e docentes. Apesar da longa enfermidade que o
levou ao óbito, não deixou de lecionar e de participar de suas pesquisas.
Faleceu na cidade de São Paulo, no dia 4 de
outubro de 1962, sendo sepultado no dia seguinte em sua cidade natal – Tietê,
com grande afluxo de participantes.
Seu nome é honrado numa escola estadual na
região central da cidade de Tietê e numa escola municipal, no bairro do Tucuruvi,
da cidade de São Paulo.
Alexandre Hummel
Araldo Alexandre
Hummel era natural de Copenhague – capital da Dinamarca – onde nasceu em março
de 1844. Seus pais foram o Capitão Guilherme Christiano e dona Christiana, sua
primeira mulher.
Depois de ter
concluído o Curso Universitário, em sua cidade natal, por motivos ignorados,
chegou ao Brasil, por volta de 1867, quando contava 23 anos de idade. Foi algum
tempo funcionário da Estrada de Ferro Inglesa, em São Paulo.
O clima da capital
lhe era adverso, motivo que o fez procurar o interior. Escolheu Tietê para a
sua residência. Dedicou-se ao ensino da botânica, historia natural e línguas.
Foi um mestre
renomado de botânica e, sobre o assunto publicou obra admirável. Conhecia muito
bem diversos idiomas.
Colaborou no jornal
“O Tietê”, no “Diário Popular” e em várias revistas de São Paulo.
Escreveu os
seguintes livros: Orquidáceas, Gramática Portuguesa Filosófica e Critica, São
Paulo no linear do Século, Pequeno Catecismo Geográfico – Histórico de São
Paulo, Gramática Portuguesa, Problemas Diversos, Livro de Leitura.
Faleceu em Tietê, a
13 de agosto de 1913. Alexandre Hummel foi um grande sábio porem, muito simples
e modesto. Granjeou, graças às inúmeras qualidades que tinha o respeito e
admiração dos habitantes de Tietê.
O seu enterro, que
foi decentíssimo, correu por conta exclusiva do seu ex-aluno e amigo Joaquim
Teixeira de Assumpção Junior, residente em São Paulo , que sempre se interessou por ele com
muita solicitude.
Sobre seu caixão
foram depositadas três coroas: uma de Theodoro Paarmam, amigo do morto; outra
do menino Bruno Barco e a última de Joaquim Teixeira Junior, de flores
artificiais.
Ao descer o caixão
para a ultima morada, Bruno Barco, o referido menino, pronunciou poucas mais
sentidas palavras de despedida, aquele que ia para a grande viagem, descansando
das lutas desta vida, em que sempre se conservou, havendo deixado recordações
que só se acabarão com a existência.
Alexandre Hummel
foi homem de superior inteligência, de coração bondosíssimo, de sentimentos
elevados, que pairaram muito alto, sempre muito superior as coisas da terra!
Extasiava-se diante de uma flor, afagava uma criança e dava uma bolsa a um
precisado, ele que de inesgotável só tinha o saber e a vontade.
Em homenagem a este
homem culto, inteligente e estudioso uma das ruas de nossa cidade ostenta
orgulhosamente, seu nome.
(Maria Isabel Marques Madeira)
Virgínio Dias
O Professor Virgínio Dias era natural de São Gonçalo
de Sapucaí, Minas Gerais. Bem criança ainda, em companhia dos pais, Florentino
Dias e Dona Maria José de Sá Dias, se transportou para Cabo Verde, no mesmo
Estado, onde cresceu e se educou.
Completa a sua educação, na luta pela vida,
dirigiu-se para o Rio de Janeiro, onde se fez notável pelos conhecimentos
pianísticos, começando a gozar, em plena mocidade, os triunfos conquistados
pelo seu talento artístico, conseguido a custo de muito estudo e dedicação sem
igual.
Bem moço ainda, aportou o digno professor a nossa
cidade e logo, reconhecida a sua competência na sublime arte musical, teve aqui
muitos discípulos que, em breve tempo de estudos, vieram confirmar-lhe a
reputação dignificante já conquistada no Rio de Janeiro; a consideração pelo
maestro Dias foi crescendo cada vez mais , de modo que o seu nome de artista
competente era acatado na própria capital do Estado, onde seus discípulos
sempre brilharam na maravilhosa arte que
imortalizou Carlos Gomes.
Há mais de quarenta anos, seu Dias, como era
geralmente tratado, vivia entre nós, havendo exercido por largo tempo o cargo
de delegado de polícia desta cidade, prova do alto conceito em que era tido em
nosso meio social.
Morreu aos 72 anos de idade, cercado pelas inúmeras
amizades conquistadas pela extrema bondade de seu coração.
Causou pesar geral o desaparecimento desse velho e
distinto professor, cujos despojos jazem no cemitério municipal desta cidade,
que era adorada pelo professor, como se fosse sua terra natal.
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